Gordon Parks: fotojornalismo, pioneirismo e os contrastes raciais nos Estados Unidos

Fotos: Gordon Parks
O norte-americano Gordon Parks (1912-2006) dizia ter crescido na meca do racismo, na cidade de Fort Scott, Kansas. O fotógrafo autodidata iniciou na carreira só em 1940, muitos anos depois se tornou o primeiro fotógrafo negro da lendária Revista Life. Parks era muito ativo na luta contra a discriminação racial e usava a fotografia para mostrar os contrastes raciais dos Estados Unidos.

Uma publicação lançada recentemente traz uma abordagem da cobertura policial na década de 1950. Gordon Parks: The Atmosphere of Crime, 1957 foi publicado pela Steidl em conjunto com a Fundação Gordon Parks e o Museu de Arte Moderna (MoMA). O diretor do MoMA, Glenn Lowry, comentou sobre o trabalho do fotógrafo: “Ele transcendeu o romantismo do filme de gângsters, o suspense dos criminosos e as descrições de criminalidade racialmente tendenciosas da época. Algo predominante na cultura popular americana”.

O fato é que as fotos de Parks voltaram aos feeds com postagens nas redes sociais. Mostrando que esse tipo de ocorrência é de longa data. Parks publicou pela primeira vez as imagens da série em 1957, em oito páginas na celebrada revista Life : a matéria tinha o título de The Atmosphere of Crime. Curioso é notar que a obra de Parks não aparece tanto quanto a de outros colegas dessa época. Foi um fotógrafo pioneiro, considerado o primeiro a quebrar barreiras na área.

Para essa série que agora ganha destaque, Parks passou seis semanas percorrendo diferentes cidades norte-americanas: Los Angeles, Chicago, Nova York e San Francisco. Ele visitava os bairros negros e explorava a documentação dos crimes nas diferentes regiões visitadas. Uma rotina de madrugadas acompanhando uma realidade sombria. Parks passou 20 anos trabalhando como fotojornalista para a Life. Para muitos especialistas, a obra dele quebrou estereótipos sobre a criminalidade que de alguma forma estavam conectados com a comunidade negra norte-americana.

Na década de 1960 esse legado criado por ele serviu para ajudar na campanha do movimento de Direitos Civis e agora retorna na onda do #BlackLivesMatter<